A linda família |
Conheçam Kátia Petrocino Coutrim, casada com Mauro há 21 anos. Os dois sempre sonharam em ter filhos para completar a felicidade do casal. Então veio Larissa, motivo de grande alegria. 10 meses depois, veio Letícia, mais um motivo de alegria e celebração. Após dois anos do nascimento de Letícia, Kátia descobriu que havia engravidado novamente. Então, veio o caçulinha Luciano, Anjo azul que veio completar a alegria de toda a família. Kátia batalha ativamente para a conscientização do autismo na região em que mora e é o tipo de mãe carinhosa, presente e companheira. Parabéns Kátia, por sua luta e dedicação incessantes para dar qualidade de vida a seu anjo e a todos os anjos azuis
Foi essa fono
quem percebeu que, além de problemas de fala, Luciano tinha algo também no
campo comportamental. Então, ela indicou que fizéssemos também uma avaliação
com uma psicóloga lá da mesma clínica. Foi nesta época que começamos as sessões
de fonoterapia e psicoterapia.
Após um ano de
terapias, e alguns avanços, foi sugerido que investigássemos mais a fundo quais
seriam os motivos do comportamento diferente do Luciano e o porquê do atraso de
sua fala, assim, começamos a jornada como a maioria dos pais começam. Primeiro,
levamos Luciano a um otorrinolaringologista para fazer exames investigativos
para avaliar e identificar se havia algo na questão de audição e esta solicitou
que fizéssemos vários exames. Acho que ela solicitou uns três ou quatro exames,
mas lembro-me mais especificamente do bera e de um outro, que demorou muito, o
“Oto-emissões acústicas” para tentarmos concluir alguma coisa.
Durante este ano
de investigações, foram feitos vários exames: cariótipo, X-frágil, ressonância,
tomografia do crânio e um monte de outras coisas. Quando a neuropediatra nos
informou que do ponto de vista neurológico nada era indicado, perguntei a ela
se haveria algum traço de autismo, alguma possibilidade, então ela me olhou
meio desconfiada e me disse que então eu deveria procurar um psiquiatra infantil
para analisar os fatos.
Foi então que
fomos a um psiquiatra infantil com experiência em crianças com autismo e, após
2 meses de avaliação, veio o grande baque... Do mesmo modo como muitas mães e
pais reagiram, e ainda reagem, eu também senti que meu mundo caiu. Fiquei até
zonza na hora e mal conseguia escutar as falas do médico. Por sorte meu marido
estava comigo e, por este motivo, consegui ficar até o final da consulta. O
filme "MISSÃO ESPECIAL" mostra uma cena exatamente igual a que
experimentei nesse momento. Aliás, recomendo a quem ainda não assistiu, que
assista.
Enquanto o
médico falava, explicava, minha cabeça ia rodando a mesa o chão parecia que iam
se misturando e tudo ia se embolando. O interessante é que eu mesma desconfiava
do quadro e, inicialmente, foi eu quem perguntei à neuropediatra, mas na hora
de ouvir a verdade, eu simplesmente não queria acreditar... Queria crer na
possibilidade de que não havia nada de errado.
Fugi deste
médico por uns 4 meses, não aceitando o que fora dito, e cheguei a procurar
outras opiniões, porém, cada uma delas era mais sem cabimento que a outra.
Mesmo não querendo aceitar os fatos, comecei a fuçar dia e noite na internet
sobre o assunto, me inteirar sobre o que era autismo, e fui vendo que as coisas
se encaixavam. Acabei voltando no mesmo médico e aceitando os fatos como eram.
Ele me passou, num primeiro momento, um diagnóstico em aberto de autismo
infantil, mas como ele tinha apenas quatro anos, não fechou o diagnóstico,
dizendo que percebia nele um bom prognóstico, e que iríamos avaliando durante o
decorrer de seu desenvolvimento.
Aos sete anos, o
mesmo psiquiatra que continuava acompanhando o Luciano, foi vendo sua evolução
e o reavaliou como sendo portador da Síndrome de Asperger, ou mais facilmente
definido, como alguns chamam, de “Aspie”.
Luciano hoje está com 14 anos, e desde os 05 anos, já sabe ler. Frequenta a escola regular municipal, aqui perto de casa, e desde o ano passado consegue ir e voltar a pé por conta própria. Faz aulas de informática, já aprendeu diversos programas, pois adora computação, além de ser também um excelente desenhista.
Luciano hoje está com 14 anos, e desde os 05 anos, já sabe ler. Frequenta a escola regular municipal, aqui perto de casa, e desde o ano passado consegue ir e voltar a pé por conta própria. Faz aulas de informática, já aprendeu diversos programas, pois adora computação, além de ser também um excelente desenhista.
Nunca repetiu de
ano, mas fica, com seu próprio esforço, com as notas dentro da média, acredito
que mais por falta de interesse, pois ele tem potencial até pra tirar notas
melhores. Porém, nas matérias que ele adora, tais como ciências (que é uma
matéria que tem fixação), artes e inglês, ele sempre vai acima da média da
classe.
A repetição de
frases (ecolalia) passou depois de um tempo fazendo fonoterapia e, assim,
conseguiu desenvolver uma adequação melhor do vocabulário dentro do contexto
das conversas. A terapia ocupacional o ajudou muito a ser mais independente em
suas rotinas e funções diárias e, também, a ter auto-confiança. Já a
psicoterapia sempre será necessária para tratar as questões de suas emoções, uma
vez que nossos filhos têm um funcionamento mental diferente de nós neurotípicos.
Apesar de ser
difícil para eles entenderem a linguagem de sarcasmo e ironia, de tanto
brincarmos aqui em casa e estimulá-lo com brincadeiras e piadinhas, ele até que
está bem sagaz nessa questão, e chega mesmo a nos surpreender com algumas
"sacadas" que tem.
Luciano ainda
tem dificuldade de fazer amigos, mas quando faz, é alguém que jamais sairá de
seu coração...
Minha intenção
de entrar em vários grupos que lidam com a causa dos autistas, além de, é
claro, me orientar melhor e continuar oferecendo ao Luciano possibilidades de
sempre evoluir e atingir suas metas, é também de poder passar um pouco da nossa
experiência de vida aos pais que estão chegando agora para essa nova realidade de
se ter um membro especial na familiar. Isso certamente trará desafios, mas
também muitas alegrias em suas vidas por cada passinho dado e conquistado!
A você, que teve a paciência e o carinho de ler este depoimento, muito
obrigada! Luciano |
Texto escrito por Anita Brito a partir de um questionário preenchido pela pessoa entrevistada. Caso deseje utilizar nossos textos, por favor citem a fonte. Obrigada.