sábado, 20 de abril de 2013

Kátia Petrocino Coutrim

A linda família

  Conheçam Kátia Petrocino Coutrim, casada com Mauro há 21 anos. Os dois sempre sonharam em ter filhos para completar a felicidade do casal. Então veio Larissa, motivo de grande alegria. 10 meses depois, veio Letícia, mais um motivo de alegria e celebração. Após dois anos do nascimento de Letícia, Kátia descobriu que havia engravidado novamente. Então, veio o caçulinha Luciano, Anjo azul que veio completar a alegria de toda a família. Kátia batalha ativamente para a conscientização do autismo na região em que mora e é o tipo de mãe carinhosa, presente e companheira. Parabéns Kátia, por sua luta e dedicação incessantes para dar qualidade de vida a seu anjo e a todos os anjos azuis



Quando Luciano Henrique já tinha 3 anos e ainda não falava, eu o levei primeiramente a uma Fonoaudióloga, para “tirar a minha cisma”, mesmo a pediatra dizendo para esperar, pois, de acordo com ela, meninos são mais "preguiçosos" que meninas e eu já tinha duas meninas quando o Luciano nasceu: a Larissa, que estava com 04 anos, e Leticia, que estava com 02 anos. 
Foi essa fono quem percebeu que, além de problemas de fala, Luciano tinha algo também no campo comportamental. Então, ela indicou que fizéssemos também uma avaliação com uma psicóloga lá da mesma clínica. Foi nesta época que começamos as sessões de fonoterapia e psicoterapia.
Após um ano de terapias, e alguns avanços, foi sugerido que investigássemos mais a fundo quais seriam os motivos do comportamento diferente do Luciano e o porquê do atraso de sua fala, assim, começamos a jornada como a maioria dos pais começam. Primeiro, levamos Luciano a um otorrinolaringologista para fazer exames investigativos para avaliar e identificar se havia algo na questão de audição e esta solicitou que fizéssemos vários exames. Acho que ela solicitou uns três ou quatro exames, mas lembro-me mais especificamente do bera e de um outro, que demorou muito, o “Oto-emissões acústicas” para tentarmos concluir alguma coisa.
O problema é que ele sempre estava resfriado, por ser muito alérgico a várias coisas, e este ultimo exame que mencionei, requeria que estivesse sem nenhum "muco" no nariz ou no ouvido para poder analisar melhor (é aquele exame que hoje as maternidades fazem no recém-nascido). Este exame não podia ser feito com sedação, mas se ele fizesse acordado e se fizesse movimentos, daria interferência, então, por várias vezes, eu tinha que acordá-lo às 3hs da manhã para que, quando fosse na hora do almoço, ele tivesse sono. Então eu levava-o de carro até o local do exame, e ficava andando em círculos no local com o carro até que ele pegasse no sono. Isto ocorreu por 5 ou 6 vezes, pois sempre havia o problema de estar resfriado, com muco em um dos ouvidos e o exame não era conclusivo. Depois de muito esforço, saiu o resultado de que não havia nada de errado com o ouvido. Eu dei graças a Deus. Melhor assim!
Durante quase um ano, fomos a uma neurologista, na Unicamp, especializada em deficiências sensoriais para avaliar se havia algo neurológico. Íamos todos os meses e a consulta era marcada para às 07h da manhã. Sempre chegávamos no horário  mas não éramos os únicos, pois todos os pacientes chegavam neste mesmo horário. O problema é que sempre o Luciano era chamado para ser atendido depois das 11:30h ou meio-dia... Nunca tivemos a sorte de sermos um dos primeiros! Imaginem um garoto de três anos e meio, hiperativo, sem medicação nenhuma, sem falar e nervoso. E ainda tinha um monte de gente ao nosso redor com diversos problemas, bem mais graves que o dele esperando também pra serem atendidos. Eu levava um monte de lanchinhos para ele e para outras criancinhas carentes que ficavam olhando, pois as mães vinham e nada traziam enquanto esperavam suas consultas... então eu tinha que pensar que se desse algo pro meu filho comer, outras crianças iriam ficar com vontade. Logo, eu teria que dar a elas também.
Durante este ano de investigações, foram feitos vários exames: cariótipo, X-frágil, ressonância, tomografia do crânio e um monte de outras coisas. Quando a neuropediatra nos informou que do ponto de vista neurológico nada era indicado, perguntei a ela se haveria algum traço de autismo, alguma possibilidade, então ela me olhou meio desconfiada e me disse que então eu deveria procurar um psiquiatra infantil para analisar os fatos.
Foi então que fomos a um psiquiatra infantil com experiência em crianças com autismo e, após 2 meses de avaliação, veio o grande baque... Do mesmo modo como muitas mães e pais reagiram, e ainda reagem, eu também senti que meu mundo caiu. Fiquei até zonza na hora e mal conseguia escutar as falas do médico. Por sorte meu marido estava comigo e, por este motivo, consegui ficar até o final da consulta. O
filme "MISSÃO ESPECIAL" mostra uma cena exatamente igual a que experimentei nesse momento. Aliás, recomendo a quem ainda não assistiu, que assista.
Enquanto o médico falava, explicava, minha cabeça ia rodando a mesa o chão parecia que iam se misturando e tudo ia se embolando. O interessante é que eu mesma desconfiava do quadro e, inicialmente, foi eu quem perguntei à neuropediatra, mas na hora de ouvir a verdade, eu simplesmente não queria acreditar... Queria crer na possibilidade de que não havia nada de errado.
Fugi deste médico por uns 4 meses, não aceitando o que fora dito, e cheguei a procurar outras opiniões, porém, cada uma delas era mais sem cabimento que a outra. Mesmo não querendo aceitar os fatos, comecei a fuçar dia e noite na internet sobre o assunto, me inteirar sobre o que era autismo, e fui vendo que as coisas se encaixavam. Acabei voltando no mesmo médico e aceitando os fatos como eram. Ele me passou, num primeiro momento, um diagnóstico em aberto de autismo infantil, mas como ele tinha apenas quatro anos, não fechou o diagnóstico, dizendo que percebia nele um bom prognóstico, e que iríamos avaliando durante o decorrer de seu desenvolvimento.
Aos sete anos, o mesmo psiquiatra que continuava acompanhando o Luciano, foi vendo sua evolução e o reavaliou como sendo portador da Síndrome de Asperger, ou mais facilmente definido, como alguns chamam, de “Aspie”. 
Luciano hoje está com 14 anos, e desde os 05 anos, já sabe ler. Frequenta a escola regular municipal, aqui perto de casa, e desde o ano passado consegue ir e voltar a pé por conta própria. Faz aulas de informática, já aprendeu diversos programas, pois adora computação, além de ser também um excelente desenhista.

Nunca repetiu de ano, mas fica, com seu próprio esforço, com as notas dentro da média, acredito que mais por falta de interesse, pois ele tem potencial até pra tirar notas melhores. Porém, nas matérias que ele adora, tais como ciências (que é uma matéria que tem fixação), artes e inglês, ele sempre vai acima da média da classe.
A repetição de frases (ecolalia) passou depois de um tempo fazendo fonoterapia e, assim, conseguiu desenvolver uma adequação melhor do vocabulário dentro do contexto das conversas. A terapia ocupacional o ajudou muito a ser mais independente em suas rotinas e funções diárias e, também, a ter auto-confiança. Já a psicoterapia sempre será necessária para tratar as questões de suas emoções, uma vez que nossos filhos têm um funcionamento mental diferente de nós neurotípicos.
Apesar de ser difícil para eles entenderem a linguagem de sarcasmo e ironia, de tanto brincarmos aqui em casa e estimulá-lo com brincadeiras e piadinhas, ele até que está bem sagaz nessa questão, e chega mesmo a nos surpreender com algumas "sacadas" que  tem.
Luciano ainda tem dificuldade de fazer amigos, mas quando faz, é alguém que jamais sairá de seu coração...
Minha intenção de entrar em vários grupos que lidam com a causa dos autistas, além de, é claro, me orientar melhor e continuar oferecendo ao Luciano possibilidades de sempre evoluir e atingir suas metas, é também de poder passar um pouco da nossa experiência de vida aos pais que estão chegando agora para essa nova realidade de se ter um membro especial na familiar. Isso certamente trará desafios, mas também muitas alegrias em suas vidas por cada passinho dado e conquistado!
A você, que teve a paciência e o carinho de ler este depoimento, muito obrigada! 


Luciano 

Texto escrito por Anita Brito a partir de um questionário preenchido pela pessoa entrevistada. Caso deseje utilizar nossos textos, por favor citem a fonte. Obrigada.

7 comentários:

  1. Querida Anita! Que lindo trabalho o seu! Obrigada por compartilhar aqui um pedacinho de nossas histórias, esperando que ajude e inspirem outras mães a enxergar que ter um filho especial é um dom, uma bênção, que no faz querer ser uma pessoa melhor em cada dia!
    Beijos e obrigada!

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  2. Parabéns por sua dedicação certamente é um exemplo para muitas mães!! Deus abençoe vcs e beijo pro lindão do Luciano!
    Aqui é a Regina q tbm tem um anjo assim com 6 aninhos que é minha vida!!

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  3. Anita, parabéns pela sua luta de mãe guerreira e por todos os frutos que tem colhido do seu semear.
    Que o Nícolas seja sempre luz para todos orgulhe sempre os seus pais, parentes e amigos que torcem por vocês. Um abraço afetuoso!!

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  4. Nossa! Que história linda e ao mesmo tempo comovente. Não sabia deste fato do filho de vocês, Mauro e sua esposa Katia,mas ao mesmo tempo, sinto um pouco de tudo que vocês viveram em busca da resposta que ninguém quer ouvir,Eu vivi tudo isso, mas tenho algo a dizer a vocês, foi muito difícil p mim também, eu tinha apenas 17 anos de idade, mas isso não importa o que importa é que aprendi e entendi que Deus entrega filhos especiais a pais especiais, assim como vcs ,eu e milhões espalhados por este mundo a fora.Eles vieram para fazer a diferença, e não a diferença física, psíquica, ou seja lá qual for, eles vieram p/ fazer a diferença em nós que o amamos da forma que eles são ;lindos,carinhosos, e companheiros.E viva nós.Parabéns p vcs por serem estes pais maravilhosos.

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  5. História bacana, gosto de relatos de autistas que já se tornaram adolescentes.
    Sucesso a família.

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  6. Parabéns pelo linda família!
    Deixo aqui outra linda história para vocês, com muito carinho e amor.
    http://bollog.wordpress.com/2012/03/25/autismo/

    José Maria Cavalcanti

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  7. OLÁ ANITA!! OBRIGADA POR SUA HISTÓRIA ALGUMAS PARTES ME FEZ LEMBRAR DA MINHA HISTÓRIA,MEU FILHO DANIEL TEM 12 ANOS E SEMPRE ACHEI QUE ELE ERA ESPECIAL ,UMA BENÇÃO DE DEUS,FAZEMOS TRATAMENTO NELE DE DEFICIT DE ATENÇÃO DESDE O 7 ANOS, TERAPIAS, FONO ,COM O TEMPO FOI MELHORANDO EM ALGUMAS COISAS, MAS SEMPRE A PSICÓLOGA E A ESCOLA VEM ATÉ MIM PR FALAR DA PARTE SOCIAL ANSIEDADE E ALGUNS COMPORTAMENTOS QUE LEMBRAM UM AUTISTA (asperger) SÓ QUE NO MEU CASO É O MÉDICO QUE NÃO ESTA ACEITANDO, SEMANA QUE VEM ESTOU INDO UM NOVO MÉDICO PARA VER SE OBTENHO MELHOR O RESULTADO,POIS É PARA ELE MESMO,, ELE É UM MENINO INTELIGENTE, EDUCADO, ESTA NO 8ºANO ,TAMBÉM NUNCA PERDEU O ANO NA ESCOLA, TEM UM POUCO MAIS DE DIFICULDADE DE MATEMÁTICA, MAS SEMPRE RECUPERA , E É ISSO SE FOSSE ESCREVER MAIS ACABARIA ESCREVENDO UM LIVRO,KKKK, MAS FOI MUITO BOM LER SUA HISTÓRIA..DEUS ABENÇOE SUA FAMÍLIA

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