Conheçam a história de Eloiza Cristina de
Freitas da Conceição e de suas filhas, Letícia Freitas da Conceição e Priscila
Freitas da Conceição, que são gêmeas autistas e têm 5 anos. Eloiza Freitas é
professora de Educação Especial em Belford Roxo e no ensino regular, em Duque
de Caxias, Rio de Janeiro. Em 2012, ela escreveu um livro para dividir momentos
de superação com todos. Para Eloiza, a “inclusão
escolar não deve ser feita apenas em sala de aula, tem que iniciar dentro da
própria casa, aceitando o próximo com as suas imitações”.
“Quando minhas filhas estavam com 01 ano,
comecei a perceber algumas regressões e algumas manias diferentes em ambas,
como, por exemplo, ficarem horas e horas brincando com a sombra. Como eu
trabalho com alunos especiais, comecei a desconfiar que se tratava de autismo,
só precisava da comprovação médica e alguns exames para descartar a
possibilidade de outras síndromes.
Até hoje, os médicos não definiram qual o
tipo de autismo, porém, devido à regressão na linguagem e no comportamento
antes dos 03 anos de idade, acredito que seja autismo infantil. Apesar de todo
a regressão, elas apresentam muito entendimento, mas o que mais prejudica é a
falta de linguagem oral.
O que mais me angustiava no início era
quando algumas amigas com filhos da mesma idade falavam dos avanços dos mesmos
e eu percebia que as minhas não progrediam da mesma forma. Logo após a
confirmação do diagnóstico, o pai delas me abandonou e esta angústia no peito
transformou-se em depressão...
Alguns amigos e familiares não acreditavam
que algo estivesse diferente. Eles achavam que era da minha cabeça. Outros
cismavam em achar que o problema era comigo, porque eu já tinha um filho com
Paralisia Cerebral, que ficou assim porque passou da hora de nascer.
Hoje em dia, tenho minha mãe que me ajuda
como pode. Até este ano de 2012, elas ficavam dois dias na creche, mas, em 2013,
tentarei arrumar alguém para me ajudar em casa nos dois dias que trabalho em
outra escola. Na verdade, muitas coisas mudarão no ano que vem e, uma delas é que
ficarão todas as manhãs na escola especial ao invés de somente três dias.
Mas essas mudanças não me assustam porque
não sou o tipo de pessoa que me entrego às adversidades. Quando passei a
acreditar que elas podem ir muito mais além do que apresentam e que eu também posso
me superar, mesmo tendo três filhos especiais, percebi que, mesmo passando por
todas as dificuldades, somos capazes de nos superar diariamente. Algumas pessoas
acham que tem problemas na vida, mas mostro a elas que eu ainda permaneço de
pé, vivendo um dia de cada vez, mesmo com todas essas provações! Ter duas
filhas autistas e um filho com paralisia cerebral não é motivo para me
entregar, pois precisamos ter qualidade de vida. Se eu me entregar, quem lutará
por eles?
Claro que me sinto frustrada às vezes,
pois há momentos que eu as vejo chorando ou irritadas e não consigo entender o
motivo. Também quando tenho que sair e deixá-las com alguém, ou quando minha
mãe briga com elas achando que o comportamento é planejado para conseguirem o
que querem... Fico frustrada, principalmente, à noite, quando todos dormem e eu
fico muito sozinha, pensando em tudo...
Em contra partida, pude perceber nessa
jornada como o autista é uma caixinha de surpresas. Alguns conhecimentos
parecem até que nascem com eles e só precisam ser estimulados. Já consegui
tirar as fraldas de uma e as duas já seguram o copo sozinhas. Já tomam algumas
iniciativas, como brincar com outras crianças, e já se comunicam de alguma
forma. Tudo isso se mistura a muitas outras bênçãos!
Faço algumas
conjecturas sobre o que teria causado o autismo em minhas filhas e acredito que
elas já nasceram com 100% de probabilidade de desenvolver o autismo, mas
depende de algum fator para que ele se manifeste, talvez um alimento (dava
muito suco de laranja, pode ser a vitamina C) ou uma decepção grande (o
cachorrinho delas fugiu ou porque nos mudamos para longe dos meus pais, na
época, ou porque tive que ir trabalhar, deixando-as aos cuidados de outra
pessoa. Não importa qual seja a causa, eu creio que haja cura para o autismo.
Não perco a fé jamais!
Nem posso perder as esperanças, pois apesar
de existirem momentos difíceis que nos machucam, quando, por exemplo, passei
por uma pediatra que disse que a Priscila a estava agredindo, deixando de
examiná-la, ainda fez ânsia de vômito ao verificar a sua garganta , o que me
motiva mesmo são os bons momentos que passamos juntos. São vários, mas o melhor
foi quando elas começaram a demonstrar o entendimento de muitas coisas, só não ainda
das palavras faladas, mas já atendem pelo nome e sabem o que é “Não”. Essas
conquistas são maravilhosas...
E há momentos que até acho engraçados,
como por exemplo, um dia que meu ex-marido foi procurar a Letícia, que sempre
gostou de água, e encontrou-a dentro do vaso sanitário, brincando com a água
que estava lá. Ainda bem que estava limpo! (Rsrsrsrsrsrs).
Com todas
essas experiências, momentos bons, ruins, tristes e alegres, minha fonte de
força sempre foi Deus. Foi somente em Deus que encontrei forças. Um dia, comecei
a digitar o que Ele queria me dizer e tudo isso está escrito no meu livro Recriando
asas no abismo.
Eu vivo um dia de cada vez. Quando penso
no amanhã, sofro um pouco, então prefiro apreciar as conquistas do presente. Só
não sou mais feliz porque não tenho o pai das minhas filhas aqui comigo,
ajudando-me na superação desses momentos... Qualquer filho, independente de ter
síndrome ou não, é herança do Senhor. Não questione Deus pelo que seu filho
ainda não faz, mas agradeça a Ele por cada conquista, dia após dia.
Quem quiser adquirir o livro, escreva para: Izafreita40@gmail.com
Texto escrito por Anita Brito a partir de um questionário preenchido pela pessoa entrevistada. Caso deseje utilizar nossos textos, por favor citem a fonte. Obrigada.
Texto escrito por Anita Brito a partir de um questionário preenchido pela pessoa entrevistada. Caso deseje utilizar nossos textos, por favor citem a fonte. Obrigada.
E por existirem pessoas como você, que acredito que vale a pena viver.... obrigado por compartilhar sua história; sua vida; com todos nós.
ResponderExcluirParabéns, por tudo.
Sua família é linda.
Deus abençoe vocês hoje e sempre.
Audrey, também te admiro muito! Obrigada pelas palavras!
ExcluirMe tocou profundamente!!! Um depoimento muito rico em tudo o que a Iza relata. São esses obstáculos que nos fazem ficar mais fortes... Eu logo mais deixarei o meu aqui. Me aguardem!!! Um abraço!!!
ResponderExcluirLourdes Vieira.
Obrigada Lourdes! Deus tem me dado forças para continuar caminhando...
ExcluirEloiza parabéns pelo emocionante relato,a estrada é longa,mas superou a parte mais complicada que é o inicio.Agora é seguir em frente,fé Guerreira Eloiza... um Forte Abraço que Deus a ilumine
ResponderExcluirObrigada! Deus tem me sustentado e me carregado no colo diariamente.
ExcluirEloiza parabéns pelas lindas filhas e por essa trajetória. Vc é um exemplo de ser humano.
ResponderExcluirAbçs
Claudia Moraes
Obrigada Claudia Moraes!
ExcluirUm testemunho lindo,mas que nâo chegou ao fim !Deus tem mais alegrias reservadas prá vocês!É só confiar e esperar!Deus é Deus de supresas!Que Deus continue te abençoando e te capacitando,mulher guerreira!
ResponderExcluirObrigada Maria Cristina! Com certeza, Deus está lapidando minhas bênçãos...
ExcluirParabéns por sua força. Obrigada por publicar sua história. Beijos!!!
ResponderExcluirObrigada Cintia! Espero contribuir de alguma forma.
ExcluirBom ler coisas assim, não sabemos a dimensão de tudo que nos cerca.
ResponderExcluirObrigada por me fazer crescer e acreditar nos seres humanos.
Seus filhotes são bênçãos.
Bj Cirlene
Obrigada querida! Tenho certeza de que se eu não tivesse tanta gente boa ao meu redor, eu não teria nem a metade da força que tenho. Muito sucesso esse ano. Bjs.
ExcluirFiquei muito emocionada com o seu depoimento. Enquanto lia.... ficava pensando na luta q minha irmã enfrenta com a sua filha autista. Apesar do apoio da família, muitas vezes nos sentimos impotentes.
ResponderExcluirHj a vida social dos pais dela está completamente comprometida, se resume a casa deles e de familiares próximos.
Eu tbm tenho um filho especial com síndrome de Down. Considero o Rogério o menor dos meus problemas, graças a Deus. Ele tem 25 anos, é um rapaz feliz, amável, festeiro...um doce. Vou repassar o seu depoimento pra minha irmã. Hj sinto q ela e meu cunhado estão esgotados. Que Deus dê a eles muita força pra enfrentar essa luta diária. A Michelle tem um comportamento muito difícil.
Mudando um pouco de conversa, fiz o concurso de 2012 para professor II de Belford. Quando chamarem, não sei quando...quem sabe poderemos ser colegas de trabalho rsrsrsrs
Bjs