Conheçam Silvia Patricia Borba
Gonçalves, mãe do anjo Júlio César Gonçalves de Jesus, autista de 02 anos e 10
meses. Patrícia trabalhou por 04 ½ anos em uma clínica de especialidades
médicas e oncologia, mas teve sair devido a umas recaídas nas crises
convulsivas de seu anjo. Hoje, sem trabalhar, está cursando Técnico em Enfermagem,
mas ainda não teve condições de concluir. Conheçam a história de aceitação e
amor desta mãe guerreira.
Desde que Júlio nasceu, nunca havia
percebido nada diferente nele, até que ele apresentou a primeira crise
convulsiva quando tinha 01 ano e 02 meses. Ele deixou de falar no mesmo dia e
teve grande parte da coordenação motora comprometida.
Levamos ele a uma psicóloga da REDE SARAH
de hospitais, que nos disse que ele poderia ser autista. Foi nessa época que
ele começou a fazer terapias para a coordenação motora e sessões de fisioterapia.
Esta fisioterapeuta resolveu fazer uma visita na creche onde ele frequenta e,
só então, veio a constatação do autismo. Tínhamos agora um diagnóstico fechado.
Pelas características e comportamento, o grau dele é bem leve e foi
diagnosticado como tendo Síndrome de Asperger.
A princípio, pela falta de conhecimento,
ignorância e um pouco de preconceito de minha parte, não reagi bem e rejeitei o
diagnóstico. Tive medo, angústia, vergonha, cheguei a comentar que não andaria
com ele na rua. Sem dúvida nenhuma, o momento de pegar o diagnóstico foi o
momento mais triste de toda a minha vida. Na verdade, a última coisa que eu queria
era acreditar fosse verdade.
Mas aí comecei a estudar, a aprender sobre
o assunto e vi que tudo isso não passava de um preconceito e o que ele mais
precisava era de minha ajuda constante.
Minha mãe, como sempre, foi a primeira a
me apoiar, mesmo quando eu dizia que não acreditava na suspeita. Ela tentou me
convencer e me mostrar o que realmente estava acontecendo na minha família.
Meus amigos mais próximos, me ajudaram muito psicologicamente, abrindo minha
mente para as loucuras que passavam pela minha cabeça.Na realidade, hoje vejo que,
na verdade, eu não quereria acreditar nos meus próprios olhos.
Atualmente, Júlio frequenta a creche
regular todos os dias da semana. Faz dois meses que ele começou a frequentar a
escolinha especial duas vezes por semana, onde sua melhora é notoriamente
reconhecida, pois vem evoluindo muito bem. Lá, ele tem aulas de música,
educação física e outras duas metodologias EHSA e AEE.
Eu corro atrás de tudo isso porque
acredito que podemos ter qualidade de vida, pois todos os dias, a cada evolução,
por menor que possa parecer à vista das outras pessoas, sei que meu filho pode
sim ter uma vida quase “normal” diante de suas próprias conquistas e superar
seus próprios obstáculos.
A cada dia, temos uma conquista diferente
e uma descoberta em seu mundo. Aprendi a dar valor a cada coisa que ele faz,
coisas que pareciam ser limitadas para ele, coisas que ele vem aprendendo,
tarefas antes não possíveis de se realizar, mas que hoje ele consegue executar,
mesmo com certa dificuldade... Tudo isso, para mim, já muita coisa.
Às vezes, me sinto um pouco frustrada
quando penso em quando ele irá conseguir se adaptar ao meio em que vivemos.
Nesta hora, me sinto impotente e incapaz de ajudá-lo, mas só ocorre quando,
raramente, não consigo entender as necessidades dele. Depois passa.
Apesar de uma parte da medicina
desacreditar na hipótese de cura para o autismo, tudo é possível perante os
olhos de Deus. Se Ele quiser que um dia a cura seja concretizada, aí sim poderá
dar inteligência para o homem formular algo que até hoje não tenha sido descoberto
para essa cura. Sem falar que a fé e os milagres caminham de mãos dadas!
Não sei exatamente qual é a causa para o
autismo, mas acredito que, em meu caso, apesar de não ser confirmado pelos
médicos, tenha sido a incompatibilidade sanguínea entre meu esposo e eu, pois a
ciência explica essa anormalidade quando se junta os fatores RH. Eu sou O- e
meu esposo A+. Porém, não estou afirmando nada! É só uma hipótese.
Independente de cura ou não, de termos
nossas dificuldades ou não, temos nossos momentos felizes que acontecem todos
os dias após cada conquista. Tudo o que antes parecia ser impossível, as
surpresas, as superações, o “impossível” antes dito, agora estão diante de
nossos olhos nos enchendo de alegrias…
Nos divertimos muito no caminho de ida e
vinda da escolinha especial e no ônibus, porque ele procura interagir com
qualquer pessoa que esteja ao nosso lado, brinca, dá risadas, bate palmas, faz
gracinhas... Tudo para chamar a atenção.
Durante toda esse processo com meu filho,
li muito sobre o autismo até descobrir que o autismo não pode ser rotulado e
que cada caso é um caso, apesar das características coincidentes. Leio agora
muito sobre os estímulos, as histórias de superações, as conquistas em seus
direitos. Assisti ao filme “MEU FILHO, MEU MUNDO”, que achei muito emocionante,
embora meu anjo não se enquadre nesse tipo de autismo retratado pelo filme.
Quando olho todo a jornada até aqui, posso
afirmar que talvez eu seja mais feliz do que se tratasse se uma criança dita
“normal”. Talvez, não seria o motivo de minha alegria maior no futuro, pois sei
que vai ser muito difícil, quase impossível, me decepcionar com algumas
atitudes do Júlio, pois ele é e sempre será puro e verdadeiro, sem mentiras,
sem fingimentos...”DEUS NÃO NOS DÁ UM FARDO QUE NÃO CONSIGAMOS CARREGAR E, SE
ELE NOS DER, É PORQUE ACREDITA NA NOSSA CAPACIDADE, NO NOSSO CUIDADO, AMOR E
DEDICAÇÃO COM ESSES ANJOS ESPECIAIS”.
Ter um filho autista, certamente, mudou
muito meu modo de pensar, de agir, de tratar o próximo e me trouxe uma
capacidade de tolerância que eu jamais pensei existir em mim. Um amor tão
imenso, uma paciência extremamente grande, algo assim… Inexplicável!
Júlio César Gonçalves de Jesus |
Texto escrito por Anita Brito a partir de um questionário preenchido pela pessoa entrevistada. Caso deseje utilizar nossos textos, por favor citem a fonte. Obrigada.
Parabéns por sua historia Silvia Patricia!
ResponderExcluirSeu filho é lindo!
Abçs
Claudia Moraes