terça-feira, 8 de janeiro de 2013

Luciana Aparecida Silva Reis


            Conheçam Luciana Aparecida Silva Reis, mãe de Kesley Henrique dos Reis, autista de 10 anos. Luciana mora em Franca e é casada com Claudionei Reis. Mesmo passando por dificuldades, Luciana nunca desistiu de seu filho e de enxergar o lado bom das coisas. Participa ativamente de comunidades sobre autismo na Internet e tem feito várias amizades que têm feito a diferença em sua vida. Keysley chegou para mudar sua vida e, por consequência, de muitas outras pessoas…

Kesley nasceu bem roxinho por falta de oxigênio. Assim que os médicos e enfermeiras perceberam, correram com ele para a UTI. O que era para ter sido um momento maravilhoso, transformou-se em um momento angustiante. O fato é que eu tinha perdido um filho 02 anos antes que nasceu morto por causa de um descolamento de placenta. Por causa do ocorrido, quando engravidei do Kesley, fiz um pré natal muito bem feito,com todos os cuidados necessários, e pedi uma cesária quando completei 9 meses de gestação.Tudo foi perfeito até a hora de nascer. Aquele momento mágico que toda mãe espera, para mim, foi um pesadelo. Nem cheguei a vê-lo, pois saíram correndo para a UTI com ele. Os médicos não sabem explicar o que aconteceu, pois ele não passou da hora, apenas me disseram que meu filho era sindrômico. Ele nasceu com os olhinhos puxadinhos, implante das orelhas baixo, céu da boca fundo e uma das mãos não faz a letra M . Entretanto, meu filho já era um guerreiro, porque ele reagiu muito bem e saiu da UTI em 02 dias.
Nos primeiros meses de vida de Kesley, já notei diferença. Ele era agitado com um choro constante, outras vezes dava gargalhadas sem o menor motivo aparente, não sentava, tombava para os lados e já fazia movimentos esteriotipados com as mãos. Quando ele tinha mais ou menos 01 ano e 08 meses, comecei a perceber que quando estava perto de outras crianças ele ia direto nos cabelos para puxar. Ele tinha fixação por cabelos!
Os médicos não fecham um diagnóstico, porque dizem que ele pode ter uma síndrome rara. Houve um geneticista do Hospital das Clínicas de Ribeirão, que passamos quando meu filho estava com 03 anos, que nos pediu somente um cariótipo, que deu negativo. Depois disso, ele deu alta ao Kesley. Quando questionado sobre os traços sindrômicos, ele disse que eram normais e que a prega em sua mão poderia ter sido causada por ele, provavelmente, ter sido gerado de mão fechada. Já o neuro me disse que ele é hiperativo, tem distúrbio de comportamento, retardo e dificuldade na fala.
Quando ele nasceu, minha reação a tudo o que estava acontecendo foi de negação total, pois eu olhava para meu filho e o achava lindo. Eu dizia que os médicos é que estavam doidos. Mas as evidências estavam ali, pois crianças da mesma idade sentavam, engatinhavam e o meu anjo não. Fui para a estimulação precoce na APAE, na qual ele está até hoje. Confesso que cheguei lá sem chão, mas hoje tudo é diferente.
Graças a Deus, tive total apoio de meu esposo, Claudionei, que é o meu braço direito e esquerdo até hoje! Tive também apoio de meus pais e irmãos que, para mim, foi o suficiente. Hoje em dia, ele estuda na APAE de manhã e fica o restante do tempo comigo. Quando meu esposo não está trabalhando, é ele quem me ajuda a cuidar do Kesley.
Não posso reclamar, pois eu acredito que, a partir do momento que aceitamos nosso filho do jeito que ele é, passamos a ter qualidade de vida. Procuramos valorizar tudo o que ele faz e ver tudo como uma nova conquista. Aos 02 anos e 08 meses ele andou pela primeira vez, aos 05 anos ele disse “mama” e, hoje em dia, ele brinca, mesmo que se isole, mas brinca. Ou melhor, eu brinco com ele. Minhas únicas frustrações são quando vou buscá-lo na escola, porque ele tem dificuldade de se relacionar com as outras crianças e acabo recebendo muitas reclamações.
Eu não acredito em cura para o autismo. Também não sei explicar uma causa, pois com tudo o que aconteceu na vida de meu filho, nem os médicos sabem explicar. Eu acredito que Deus me escolheu para cuidar de um anjo Seu aqui na Terra. E é o que estou fazendo com muita alegria. Caminhar ao lado de meu filho, é um dos momentos mais felizes de minha vida, pois ele está aqui comigo.
Kesley adora música e também adora dar risadas quando uma porta bate ou quando algo cai no chão. Ele adora uma bagunça quando algo dá errado e eu acho isso muito engraçado nele. Um dia estávamos na rua e uma moto “afogou” e não pegava de jeito nenhum. O cara estava todo suado tentando dar partida e ele dava tanta gargalhada que já estava molinho e chorava de tanto rir. Tive que tirá-lo dali para não apanharmos! kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk
Hoje digo que nossos únicos momentos tristes foram no hospital, por ele ter tido problemas respiratórios, chegando a ir para a UTI, novamente, com 09 meses de vida. Mas hoje em dia não. Temos muitas alegrias com nosso anjo e posso dizer que somos uma família feliz. Embora eu tenha muitas lutas, me considero uma pessoa abençoada e iluminada, pois Deus me confiou um anjo. NUNCA DEIXE DE LUTAR PELOS SEUS FILHOS.
Minha maior fonte de inspiração sempre foi Deus. No ano de 2012, me tornei membro de grupos na Internet e conheci pessoas maravilhosas que me fortaleceram muito.

Kesley Henrique dos Reis
Texto escrito por Anita Brito a partir de um questionário preenchido pela pessoa entrevistada. Caso deseje utilizar nossos textos, por favor citem a fonte. Obrigada.

2 comentários:

  1. Luciana, continue sempre com essa garra! Deus está contigo!

    ResponderExcluir
  2. Amém!!!Obrigada pelo carinho,você também é uma guerreira!!!BJSSS...

    ResponderExcluir